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Discurso de Posse Vice-Diretor da EEL/USP: Professor Carlos Alberto Moreira dos Santos - 30/04/2014

Discurso de posse do Vice-diretor da ELL

Excelentíssimo Prof. Dr. José Roberto Castilho Piqueira - Diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, representando o Magnífico Reitor, Prof. Dr. Marco Antonio Zago, meu Diretor e agora amigo, Prof. Dr. Antonio Marcos de Aguirra Massola, Ilustríssimo Senhor Prefeito de Lorena, Fábio Marcondes, e 1ª. Dama, Maria Claudia Diniz Marcondes, Prof. José Antonio Nunes Romeiro, Diretor Técnico-Acadêmico, Excelentíssimo Prof. Dr. Nei Fernandes de Oliveira Junior, Professor Emérito da EEL, demais representantes da Universidade, autoridades civis e militares, meus colegas de trabalho, alunos e familiares presentes,

Embora sempre façamos agradecimentos no final, gostaria de tomar a liberdade e inverter essa ordem.

Primeiramente, gostaria de agradecer à minha esposa, Claudia, que compareceu em condições adversas por motivo de procedimento médico realizado no último final de semana. Quero expressar a todos vocês que, sem essa mulher “me aguentando” todos os dias, esse momento não seria possível.

Quero agradecer também a todos os meus familiares: minhas filhas, meus irmãos, minhas duas mães, minha cunhada, amigos e todos aqueles que não puderam comparecer. Também gostaria de fazer uma menção especial à memória de meu pai, que carinhosamente denomino de “o Cara”.

É muito emocionante poder mencionar que todos os meus familiares e amigos de infância sempre me apoiaram em minha decisão de me tornar professor. Posso dizer que essa cerimônia marca o dia em que pude mostrar a mim mesmo que eu estava certo quando decidi ficar nesta Casa e optar pelos rumos profissionais que tomei. Alguns presentes sabem perfeitamente como este caminho foi árduo, alguns até acreditavam ser impossível, mas quando me tornei monitor de graduação da FAENQUIL e técnico da FTI, no final dos anos 1980, percebi que seria possível.

Quero agradecer também aos meus amigos, professores e funcionários da nossa querida extinta FAENQUIL. Sinto orgulho de ser um ex-aluno desta Casa, ter feito minha carreira aqui, ter defendido entusiasticamente a passagem de nossa Unidade para a USP, que, todos sabemos, não deve nada a nenhuma outra unidade, e de hoje me tornar um dos Diretores desta universidade eleito em uma votação direta por meus pares.

Devo dizer que, ao longo deste caminho, aprendi muito com meus professores e funcionários técnico-administrativos, hoje meus amigos e alguns até conselheiros. Não devo deixar de mencionar como é curiosa a sensação de ver minhas atitudes profissionais serem reflexo natural de uma mistura de características individuais marcantes de alguns de meus inúmeros mentores.

Assim, em função do respeito às minhas origens, tomo a liberdade de sugerir que retomemos a criação da associação de ex-alunos da EEL. Eu sei que este é um esforço e ideia de alguns professores da EEL, mas tomo a liberdade de tomá-la emprestado neste momento. Minha sugestão é que a associação seja constituída pelos ex-alunos mais antigos de cada Departamento da EEL, sendo seu presidente o docente mais antigo em exercício na Unidade. Dois são os motivos dessa sugestão - manter por mais 15 ou 20 anos o respeito àqueles que construíram a história desta Casa e, ao mesmo tempo, criar um fundo financeiro similar aos que existem rotineiramente em instituições de ensino superior renomadas no exterior. Assim, para não ficar somente no campo da fala, já deixo minha contribuição. Quando a Associação estiver dando seus primeiros passos, o que espero seja propiciado pelo prof. Clélio do DEBAS, em colaboração com os professores José Roberto do DEQUI, Sebastião Ribeiro do DEMAR, e Professora Inês Roberto do DEBIQ, estarei destinando mensalmente 0,5% de meu salário à associação de ex-alunos da EEL. Espero que todos os ex-alunos façam o mesmo.

Ainda referindo-me aos meus mentores, lembro-me de alguns me dizendo no início da década dos anos 2000, quando da finalização de meu mandato de coordenador de graduação, que eu deveria dedicar-me a ações administrativas. para mim, aquilo foi um elogio, mas naquele momento eu disse que me considerava novo - digamos que ainda me considero - para assumir cargos dessa natureza. meu argumento para não me envolver na administração central era que eu entendia ser necessário conhecer um pouco mais a fundo da carreira acadêmica, isto é, saber como fazer Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária de forma articulada, uma vez que esse tripé é a base da carreira docente e das ações da universidade pública brasileira, tudo isso sem deixar de olhar para a gestão.

Embora eu ainda não me considere um docente de alto nível técnico-científico, considero que tenho uma carreira razoavelmente sólida. Assim, acho que agora estou pronto para um cargo de gestão. Considerando a minha própria formação, é natural que eu pretenda contribuir decisivamente para que a EEL faça administração mais focada nas atividades-fim. Assim, recebo a tarefa de ser Vice-Diretor da EEL de coração e peito aberto.

É com esse sentimento que tenho olhado o dia-a-dia de nossa Unidade. Vejo que estamos cometendo alguns pequenos equívocos que têm grande influência no desempenho da Unidade. Refiro-me ao nosso maior bem, os nossos funcionários.

É muito curioso que tenhamos uma série de benefícios provenientes de nosso novo patrão, a USP, e estejamos, de certa forma, ainda descontentes. Por que será que isso ocorre? Eu penso que estamos descuidando de um detalhe: há uma certa falta de respeito às necessidades individuais e coletivas em nossa Unidade. Desculpem-me entrar neste tipo de tema em uma cerimônia de posse, mas quem me conhece sabe que sempre tento expor minhas ideias mostrando exemplos. Assim, vem à minha mente duas imagens emblemáticas que representam inúmeros outros problemas de falta de estrutura física na EEL. Uma tem a ver com a cozinha dos funcionários na oficina de manutenção, situada em frente ao belo prédio de laboratórios de graduação e outra a do vestiário dos funcionários na área II. Quem já teve nestes locais sabe do que estou falando. Incomoda-me muito falarmos da grandeza e riqueza da Universidade de São Paulo, mas, na EEL, estamos esquecendo de dar condições mínimas de respeito e valor a nós mesmos. Não seria por isso que vemos muitos servidores em afastamentos médicos e desmotivados? Precisamos tratar dessa questão urgentemente.

Diante de tudo isso, fiquei muito contente com a proposta do Prof. Massola em eleger um vice-diretor nato da EEL. Imeditamente após tal proposta e reconhecendo minha responsabilidade como docente desta Unidade, iniciei minha campanha, que - diga-se de passagem- me fez amadurecer ainda mais.

Tenho que agradecer à comunidade pela confiança e, em especial, aos professores titulares da Unidade por terem abdicado da posição de Vice-Diretor, permitindo que alguém nato de Lorena pudesse assumi-la.

Aos alunos de Graduação, Pós-graduação e do COTEL, quero lembrar que eu estou “ligado” a tudo que se passa no dia a dia de vocês. Afinal, é muito fácil me dizer algo, não é mesmo? Quero mencionar também que estou plenamente comprometido com vocês, pois conheço ativamente cada um dos programas da Universidade voltados para discentes. Além disso, estou cada dia mais envolvido com o ensino focado no uso de metodologias ativas de aprendizagem, em que o foco principal deixa de ser vinculado ao professor, e passa a ser a interação professor-aluno e aluno-aluno, propiciando uma formação multi e interdisciplinar muito mais efetiva aos discentes.

Vale mencionar ainda meu apoio ao Projeto Criança Feliz, fórmula SAE, entre outros, como chefe do Departamento de Engenharia de Materiais e até anteriormente, o que demonstra minha preocupação com os projetos oriundos corpo discente. É meu compromisso ampliar esse apoio a todos os projetos dos alunos.

Falando ainda em alunos da EEL, outro dia o Prof. Massola nos disse: “Tenho que reconhecer que os alunos da EEL são muito interessantes. Eles não me procuram para pedir autorização para festas. Eles querem apoio para seus projetos”. Ao ouvir esse comentário, fiquei muito contente, pois ele mostra o compromisso dos professores e funcionários técnico-admistrativos desta Casa; afinal, os alunos são crias da própria EEL.

Já que estamos falando do Diretor, devo mencionar que ele já me delegou uma missão muito importante: cuidar dos prédios de graduação nas duas áreas. Construímos os prédios e temos que usá-los o quanto antes; afinal, estamos com cursos novos e em reformulação em andamento. Temos que instalar os laboratórios e espaços para novos docentes com prioridade máxima. Não dá para receber o quadro de novos docentes e darmos andamento aos cursos novos sem espaço minimamente apropriado para ensino e pesquisa. Assim, cabe a todos nós envidarmos esforços e recursos para superar isso.

Vale lembrar também que a Reitoria da Universidade não pode se furtar desse compromisso, ainda que a Universidade esteja em um momento financeiro delicado; afinal, é da qualidade da formação de nossos alunos e da qualidade do trabalho de nossos docentes que estamos falando.

Bem, antes de finalizar, gostaria de aproveitar a presença do Prefeito de Lorena, senhor Fábio Marcondes, para dizer-lhe como estou contente em ver seus esforços para recolocar este Município no rumo do desenvolvimento. Lorena está numa posição geográfica e industrial muito importante do Estado de São Paulo. Portanto, ela precisa ser um dos carro-chefe no desenvolvimento de nossa região. Diante disso e tendo clareza da importância da EEL nesse cenário, devo dizer que este Vice-Diretor fará tudo que for possível para auxiliá-lo na tarefa de melhorar a educação e o desenvolvimento de Lorena. Somente para mencionar, no que tange à educação, a EEL aprovou recentemente um programa de Pós-graduação stricto sensu, O programa de Pós-Graduação em Projetos Educacionais de Ciências, que já está em pleno funcionamento, e tem como foco a formação de professores do ciclo fundamental e médio. Trata-se de um programa pioneiro no brasil que propicia a formação de professores na elaboração e execução de projetos de ciências exatas e biológicas, próprio de escolas de engenharia. esperamos que os reflexos desse programa comecem a dar frutos para as escolas de Lorena e região em um ou dois anos. No que tange ao desenvolvimento do município, penso que podemos ampliar a cooperação entre a EEL e a prefeitura através de projetos que atraiam novos empreendimentos industriais para Lorena.

Devo dizer ainda que a EEL pode contribuir decisivamente para políticas públicas no que tange ao crescimento ordenado do município, auxiliando na criação de áreas urbanas mais organizadas e mais sustentáveis ambiental e energeticamente. Isso é típico de unidades da USP instaladas em outros municípios, por que não fazer o mesmo em Lorena?

Não poderia deixar de dar algumas palavras aos meus colegas de Departamento. Saibam que tenho vocês em mais alto nível tanto pessoal quanto profissional. Sem vocês eu não seria ninguém e muito menos estaria aqui. Não sei se perceberam, mas já se passaram 20 anos que fui transferido para o DEMAR.

Por fim, espero que a partir desta data eu possa ouvir ainda mais os servidores e os diversos grupos da EEL, e me tornar, de fato, o interlocutor desta Unidade com nosso Diretor e com a Reitoria, revertendo a confiança depositada no meu nome em realizações para a EEL.

Dentre as realizações que entendo pertinentes para o momento, devo destacar as seguintes:

- dar um toque especial na administração da EEL com foco nas atividades-fim;

- realizar os concursos para a formação do quadro de professores titulares da EEL, propiciando a finalização do processo de institucionalização da EEL a USP; e

- dar continuidade ao projeto de criação do Polo de Engenharia de Lorena, redenomidado de Polo de Tecnologia de Lorena no último dia 25 pelo Magnífco Vice-Reitor, Prof. Dr. Vahan Agopyan.

Além desses pontos, devo mencionar que, em minha opinião, um dos maiores desafios atuais da EEL é harmonizar os interesses dos funcionários oriundos da extinta FAENQUIL aos dos novos servidores da USP. Tenho a sensação que há uma certa segregação entre os dois grupos, o que tem dificultado o andamento de algumas ações na EEL. Penso que é minha responsabilidade e de meu Diretor saber conduzir esta harmonização. Temos que encarar que esse problema é real e que precisa ser urgentemente tratado, se é que desejamos colocar a EEL no patamar em que ela merece estar.

quero agradecer ao Diretor Massola por estar me dando espaço a cada dia na condução de problemas importantes da EEL. Espero que isso possa continuar sendo feito cada dia mais intensamente; afinal, como ele próprio diz, a EEL precisa andar com suas próprias forças.

Agradeço e espero atender às expectativas de todos, inclusive dos meus novos colegas de trabalho na administração da EEL.

Muito obrigado!

Carlos Alberto