EEL sedia o Jamboré Brasuca. Encontro reúne pessoas da área de Biologia Sintética
Por Simone Colombo
Nos dias 29 e 30 de março, aconteceu na Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP o Jamboré Brasuca: encontro de estudantes, pesquisadores e profissionais da área da Biologia Sintética no Brasil. O evento foi organizado e recepcionado pelo Clube de Biologia Sintética EEL-USP e teve como temática: Jamboré Brasuca - Colaborando para construção da biologia sintética brasileira.
O Jamboré Brasuca acontece no Brasil desde 2013 e surgiu como um encontro dos times brasileiros que participam do iGEM (International Genetically Engineered Machine). O próprio nome do evento faz referência ao Giant Jamboree promovido pelo IGEM que é realizada anualmente em Boston (EUA).
O iGEM foi criado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) em 2004 e é uma das maiores competições internacionais da área de Biologia Sintética do Mundo. Ela exige dos participantes habilidades como: conquista de conhecimento baseado na resolução de problemas; concepção, planejamento e administração de projetos; gestão de recursos e de equipe; angariação de fundos; estabelecimento de redes internacionais; pensamento empresarial; espírito de colaboração; técnicas de apresentação e comunicação científica.
Participaram do Jamboré Brasuca na EEL cerca de 90 pessoas distribuídas em 10 times iGEM de diferentes universidades brasileiras como: UFRGS Porto Alegre, UFPR Curitiba, UTFPR Ponta Grossa, UFSCar São Carlos, Unesp Araraquara, USP Capital, UFMG Belo Horizonte, UFRJ Rio de Janeiro, UFAM Manaus e a equipe anfitriã: USP-EEL.
Os participantes, através das mesas redondas, tiveram a oportunidade de conversar com nomes renomados da Biologia Sintética nacional como: Otto Heringer (LOTAN Agrosciences), Prof. Tiago Mendes (UFV), Guilherme Kundlatsch (iGEM); Profª Danielle Pedrolli (UNESP), Guilherme Kundlatsch (iGEM); Lucas Garbini (SENAI-CETIQ), Yukio Shibata (Onovolab); Heloísa Oss Boll (UFRGS), Rita Wu (FAB LAB USP) e ainda puderam conhecer os projetos desenvolvidos pelas equipes iGEM brasileiras. Os assuntos discutidos foram todos em torno da Biologia Sintética, seus desafios, as inovações e as oportunidades da área. Também houve apresentação de pôsteres.
EEL já foi premiada duas vezes no IGEM
Ao longo dos anos, o IGEM tem promovido uma grande integração entre cientistas, empresas e estudantes. Os encontros promovem o estabelecimento de uma intensa rede de relacionamento e de troca de informações entre os profissionais da área. Mais de 300 equipes do mundo todo participam do evento.
Na primeira vez em sua participação no iGEM, em 2016, a equipe da EEL (Gabriela Leila Berto; Daniel Collucci; André T. V. Hermann; Aline Larissa Gonçalves; Rodolfo Antonio Silva; Sabryne Rodrigues; Hemerson Sulpicio Junior; Tamires Saldanha de Souza; Leonardo de Oliveira Ferreira e Leonardo Batistela) com o nome “Time USP-EEL Brazil” conquistou medalha de bronze. Naquele ano, a proposta foi a produção de um biodiesel com alcanos em sua composição, com as mesmas propriedades do diesel produzido pelo petróleo, só que com menos danos ambientais.
Em 2018 o “Time USP-EEL Brazil” apresentou o projeto LACQUASE: Biodegração de estrógenos da água. O trabalho tinha como objetivo remoção de interferentes endócrinos, estrógenos, presentes na água. A contaminação do ambiente ocorre principalmente devido ao esgoto doméstico não tratado para esses microcontaminantes. O grupo apresentou um método de remoção de estrógenos do meio ambiente e também conquistou a medalha de bronze. Participaram do iGEM em 2018 os alunos: Cibele Zolnier Sousa do Nascimento, Camila Lima de Souza Carvalho, Fernando Satoshi Tutihashi, Gustavo Jorge Paulo, Li Jun Qian Jack, Marcus Vinicius Freitas Nascimento, Paulo Pereira Sforsin, Pedro Henrique Martins de Almeida e Taise Schraier de Quadros. O grupo teve como instrutores: Hemerson Sulpicio Junior, Josman Velasco, Aline Larissa Gonçalves e Evandro José Mulinari.
As pesquisas são realizadas na EEL por meio do Clube de Biologia Sintética EEL USP e contam com apoio de docentes da Unidade e seus laboratórios. Entre esses, o Laboratório de Biologia Sintética e Molecular (SyMBL), chefiado pelo Prof Dr Fernando Segato, que tem ajudado o Time desde 2016.
“Nada seria possível sem os professores: Prof Dr Fernando Segato, Prof Dr Felix Monteiro Pereira e Prof Dr André Ferraz, que ajudaram na mentoria e execução do projeto”. Destaca Cibele Zolnier, líder do grupo em 2018." Ela declara: “Participar do iGEM foi uma experiência extremamente enriquecedora. Pudemos conhecer estudantes de diferentes universidades do mundo e perceber como, mesmo com diferentes realidades, todos podemos desenvolver projetos de alto nível. Nossas conquistas só demostram como a pesquisa no Brasil tem um enorme potencial e poder mostrar isso lá fora foi uma honra para todos nós."
Para custear o projeto e a participação no evento a equipe da EEL contou com apoio de financiamentos coletivos (Crowdfunding) e com auxílios das Pró-Reitorias da USP (Pesquisa, Graduação, Pós e Cultura). Além disso, tiveram algumas parcerias privadas para aquisição de materiais.
A próxima participação da EEL na competição será em 2020.
