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Eco Maker Space: USP de Lorena cria espaço para difusão de conhecimento por meio de resíduos digitais.

Por Simone Colombo

 

Quem não tem um celular estragado jogado no fundo de uma gaveta que atire o primeiro pen drive.

 

A preocupação com o resíduo digital é uma necessidade moderna dada a velocidade com que a tecnologia evolui. Equipamentos eletrônicos são trocados repetidas vezes por outros modelos mais potentes e modernos. Enquanto isso, smartphones, câmeras, tablets, notebooks, computadores, impressoras, dentre outros, vão se acumulando em nossas casas. Por vezes, por falta de opção ou informação, há o descarte inadequado destes equipamentos, em ruas ou terrenos abandonados, o que traz sérios prejuízos ao meio ambiente já que produtos tóxicos e metais nobres fazem parte de sua composição.

 

No mundo todo, estima-se que anualmente, 50 milhões de toneladas de resíduos tecnológicos sejam descartados pela população, revela o Professor da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP, Dr. Eduardo Ferro dos Santos. O pesquisador há 3 anos vem trabalhando na criação de um espaço destinado a, não só receber eletrônicos em desuso, mas também em promover ações de sustentabilidade e, de quebra, trazer conhecimento e cultura para a cidade e região.

 

O Professor Eduardo Ferro conta que o Brasil é o segundo maior produtor de lixo digital das Américas e que apenas 2% desses equipamentos são reciclados.   Segundo ele, há países que reaproveitam até 86% de seu resíduo eletrônico, como é o caso da Holanda, país que visitou a fim de conhecer o trabalho de reaproveitamento de resíduos tecnológicos.

 

O que fazer com os resíduos eletrônicos então?

 

De acordo com Eduardo Ferro, no Brasil, políticas públicas são desenvolvidas para tentar lidar com este problema, como a logística reversa e diretrizes ligadas ao gerenciamento de resíduos sólidos nas cidades. No entanto, ele acredita que a solução para alcançar a sustentabilidade está intimamente ligada a educação, a conscientização de pessoas e a instalação de lugares destinados à recuperação, reaproveitamento e destino adequado desses equipamentos. “Vivemos em uma era onde o meio ambiente não é mais tratado de forma isolada, estamos preocupados com a sustentabilidade, que engloba além do meio ambiente, a economia e a sociedade. Sustentabilidade é a palavra que veio para ficar como substituta da palavra desenvolvimento”, declara.

 

E foi sob esse prisma que o Doutor Eduardo Ferro criou o “Eco Maker Space”, um espaço destinado a receber eletrônicos em desuso, conscientizar, educar, difundir e aplicar a sustentabilidade. “Existem muitos pontos de coleta de eletrônicos espalhados em diversas cidades, mas um ponto de coleta que serve também como espaço de educação, o Eco Maker Space é o primeiro no país” salienta. “Não será um local só para descarte e depósito de equipamentos, será um local onde as pessoas possam fazer pesquisa, aprender e empreender” diz o docente.

 

Como funciona

 

Inaugurado dia 06 de novembro, o Eco Maker Space é um projeto da EEL  realizado  em parceria com a Prefeitura Municipal de Lorena no anexo da Escola Profissionalizante Milton Ballerini, no centro da cidade e receberá da população os equipamentos eletrônicos em desuso que,  após análise,  será encaminhado a um fim adequado. Dentre as ações previstas para os eletrônicos que chegam ao espaço estão a: recuperação a partir de peças e acessórios retirados de outros; permuta a quem interessar; logística reversa (devolução ao fabricante); trabalhos artesanais; reciclagem e educação. Todas as atividades visam compartilhar conhecimento aos participantes por meio de oficinas, exposições, palestras e workshops.

 

Alunos bolsistas e voluntários auxiliam nas ações do Eco Maker Space, sob a coordenação de professores, também voluntários.

 

O Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental (CAEA) – foi a primeira entidade da EEL a aderir ao projeto e já no dia 6 de dezembro realizou uma oficina com alunos da AACAL – Associação de Atendimento da Criança e do Adolescente de Lorena. Em 2020 outras oficinas já estão sendo agendadas com instituições da região.

 

O professor Eduardo Ferro projeta para um futuro próximo a criação de uma rede de colaboração, onde um ‘Eco Maker Space’ poderá ser implementado em qualquer local (escola, cidade), compartilhar projetos e atuar efetivamente para uma comunidade mais sustentável.

 

Diante da Era da Indústria 4.0, onde as máquinas estão substituindo atividades humanas, cada vez mais se torna necessário repensar o que fazer com equipamentos eletrônicos que ficarão obsoletos em grande quantidade e velocidade. Por isso já se fala da Sociedade 5.0, ou seja, a sociedade inteligente onde o maior desafio será criar um meio inteligente de usar a tecnologia sem destruir o planeta.  Com o Eco Maker Space colocamos a EEL a frente desse caminho” finaliza o professor.

 

Para mais informações sobre o projeto visite: www.ecomakerspace.com.br