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Uma nova era. Uma nova aula: Professor da EEL utiliza Rede Social para fins didáticos

Por Simone Colombo


Viver em uma era digital exige de nós novas formas de agir, de interagir e de alcançar as pessoas. Para os jovens que já nasceram com a informação instantânea ao alcance da palma de suas mãos, parece ser incongruente mantê-los estagnados e estáticos em suas carteiras enquanto alguém, diante de um quadro negro, fala sem parar. Os jovens de hoje têm pressa, têm sede de conhecimento, e principalmente, têm impaciência. Como alcançá-los? Como fazer chegar até eles a informação sem que isso se torne um processo enfadonho? É sob essa perspectiva que o professor da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP, Prof. Dr. Carlos Alberto Moreira dos Santos decidiu enfrentar o desafio e apostar nas ferramentas digitais para ministrar suas aulas. O docente defende a https://www.revistas.usp.br/gradmais/article/view/117731: uma metodologia de ensino interativa onde o aluno tem acesso ao conteúdo das disciplinas antes de ter contato com o professor em sala de aula e leva para este momento suas dúvidas para discussão. Neste semestre ele escolheu o Cuboz, uma rede social criada com fins didáticos, para lecionar a disciplina de Física III.

O Cuboz é uma plataforma que ajuda escolas e professores a proporcionarem um aprendizado ativo para os alunos. A proposta é que o aluno aprenda ativamente, sozinho, o conteúdo da matéria antes de ir para sala de aula e chegue à aula apenas para colocar em prática seu aprendizado e tirar as dúvidas com o professor”. Explica Paola Cicarelli, co-fundadora do Cuboz. A ferramenta aposta no aprendizado invertido e nas comunidades de prática.

Estudos recentes comprovam que o http://revistapontocom.org.br/entrevistas/capacidade-de-concentracao-es…) dos jovens diminuiu significativamente devido à imensa disponibilidade de equipamentos de comunicação. Diante desta nova realidade o professor da EEL entende que horas de aulas ininterruptas não prendem a atenção dos jovens. “Não podemos negar a realidade em que vivemos. Os jovens precisam ser tratados com cuidado e respeito, levando em conta sua realidade. A velha forma de ensinar funciona muito bem, funcionou comigo, mas a realidade atual é outra!” defende o professor Carlos Alberto. Através do Cuboz, o conteúdo teórico da disciplina é disponibilizado por meio de vídeos curtos, de 6 a 15 minutos, cheios de recursos audiovisuais, sons e imagens em movimento. Os vídeos utilizados são, em geral, da Khan Academy, uma ONG educacional criada para oferecer educação com alta qualidade para qualquer pessoa que tenha acesso à internet. Especificamente, estas aulas virtuais tem uma didática totalmente adaptada para a geração nascida na era digital. “Não tem o professor como ator principal. O conteúdo é o principal” acrescenta.

As aulas presenciais acontecem normalmente, mas o conteúdo didático deve ser assimilado pelos alunos anteriormente, por meio da rede social. Durante o horário de aula o professor está em sala para tirar dúvidas dos alunos e colocar em prática a teoria, usando a metodologia de aula invertida, aproveitando o tempo disponível para fazer pequenas palestras sobre temas avançados de pesquisa científica ou tecnológica relacionados ao conteúdo da aula.

Gabriel Wendling, aluno do curso de Engenharia Ambiental da EEL, acredita nessa metodologia. “Posso assistir minhas aulas e fazer minhas tarefas pelo smartphone, posso usar múltiplas fontes para concluir minhas atividades e aprendo com o professor a filtrar as informações confiáveis”. O estudante complementa “Hoje em dia temos acesso fácil a um fluxo de informação muito grande. Tudo é muito dinâmico. Então o desafio não é a somente levar a informação, mas nos ensinar a utilizar as informações que estão disponíveis e transformá-las em ferramentas para solução dos problemas”.

Outra vantagem desta ferramenta, alega o professor Carlos Alberto, é que a rede social reúne os alunos, o professor da disciplina, outros professores da EEL, técnicos e especialistas envolvidos da área, promovendo a aprendizagem colaborativa. “Essas pessoas têm formações diferentes. Cada um tem sua didática própria e forma particular de se expressar, e essa característica enriquece as discussões” argumenta.

A co-fundadora do Cuboz explica que esse recurso baseado na metodologia de comunidades de prática quebra o paradigma da comunicação truncada entre professor e aluno “ o professor sabe muito da área que ele domina, no entanto, a realidade dele é muito distante da realidade do estudante que acabou de sair do ensino médio e isso pode interferir na maneira que a informação é passada. Através da rede um aluno que tenha captado melhor o conteúdo também pode passar a informação para o colega porque usam a mesma linguagem e estão mais próximos.”

O professor Carlos Alberto destaca que com o Cuboz ele tem uma sala de aula ativa 24 horas por dia. “Não é uma aula que acontece em duas ou quatro horas, acaba e não se fala mais do assunto. Por essa ferramenta, todos estão disponíveis o tempo todo para trocar informações a respeito da disciplina e tirar dúvidas. Isso amplia o número de horas que as pessoas podem interagir!”

Como é comum, presença, listas de exercícios e provas tradicionais são cobradas normalmente dos alunos em datas pré-definidas. “Estou gostando bastante da nova metodologia de ensino. É bem mais estimulante quando se usa o computador para aprender. Ao conciliar vídeo-aulas, livro e exercícios, o aprendizado é concretizado e colocado em prática, fazendo com que o conhecimento não seja só obtido para uma avaliação. A exigência por entrega de listas quase toda semana, faz com que os alunos não deixem a matéria acumular e criem um ritmo de estudo. A ideia de discussão de dúvidas pela rede social e presencialmente na sala de aula é excelente!” Marcela Rey aluna de Engenharia de Produção da EEL.

“Ao invés de lutar contra o uso da tecnologia, negar a realidade digital em que vivemos e coibir o uso de celulares e tablets em aula, por que não usar isso a nosso favor?” Questiona Carlos Alberto. Para o docente a resistência ao uso da tecnologia em sala de aula pode afastar os alunos dos estudos e desmotivá-los. “Através dessa rede social eu sinto que iremos aproximá-los cada vez mais dos professores e profissionais da área”. Além do mais, muitos professores sequer percebem que seus alunos muitas vezes estão somente de corpo presente na sala de aula com a mente em outro lugar, uma vez que eles sabem que podem assistir a praticamente qualquer conteúdo em diversos vídeos disponíveis na internet”. Argumenta.

A Profa. Dra. Elisangela Moraes, Vice-Presidente da Comissão de Graduação da EEL, que participou da aula de apresentação desse método experimental no primeiro dia letivo deste semestre, aprovou a ideia e disse “Com a evolução da tecnologia e tantos recursos disponíveis, temos que buscar inovar e de alguma forma prender mais a atenção do nosso aluno, mantendo a excelência na qualidade do ensino. Propostas como essa do professor são muito bem-vindas e com certeza a disciplina será um sucesso!”.

Carlos Alberto espera que assim possa romper barreiras tirando proveito máximo que a tecnologia cotidiana nos oferece para ensinar de uma forma mais adequada aos dias de hoje. A rede http://www.cuboz.com/eel-usp/events/ já possui 140 pessoas registadas, das quais 78 são alunos regularmente matriculados que estão recebendo o conteúdo programático das aulas por meio virtual.

Outros docentes da EEL estão abertos a realizar esse tipo de experiência “sou sempre a favor da inovação no ensino e estou pensando em testar alguma coisa na minha turma.” Diz o Prof. Dr. Domingos Savio Giordanni.